19 de maio de 2011

GD 93 MAGOS LIBERTÁRIOS DA CARETICE.....


Existem momentos na vida que definem sua capacidade de tornar-se um vegetal dotado de tapa olhos ou uma ser humano completo. Não se aprende no seio familiar a totalidade da capacidade de transcender, o que ocorre é algo um pouco diferenciado (para usar um termo moderno).
O medo materno pelo novo é capaz de podar seu pênis vaginal de maneiras inimagináveis. Por isso a melhor parte da educação sobre o mundo, é aquela que se aprende na rua. São os momentos divididos pelos marginais, que conseguem trazer por entre os canais oculares, milhares de lacrimosas mudanças de consciência. O lutar por uma vida menos ordinária, passa necessariamente pelo calçamento frio e sarjetas cobertas de genes multi facetados.

Não importa se você gosta ou não de punk, muito menos se a sua educação sorboniana permanece matracando pelos ossículos auditivos, o quanto esses três acordes seminais são pobres esteticamente.
As letras que carecem de erudição, apenas servem para comprovar que o som dos pobres, pretos e favelados sempre esteve presente em nossa história. Como anti heróis sem máscaras, mostrando que a capacidade de transcender a hipocrisia é algo obrigatório, se algum dia você quiser olhar para trás na sua vida e perceber que ela valeu mais do que uma fralda cheia e fedorenta.


O mundo em 1974 era tão sujo quanto o de 2011. As pessoas ainda esperam que você atue em seu papel pré fabricado pelos esteriótipos de uma sociedade cada vez mais podre. Noções de moral, moralismo de coluna social bêbada e uma quantidade de caretice educacional, colocam seu cérebro em estado vegetativo latente e permanente. Mas nossos heróis estão aí para isso, libertar.

Os RAMONES são os meus, muito mais do que os Beatles ou Stones. Um quarteto que nasceu disforme geneticamente, formado por marginais, prostitutos e obcecados compulsivos. Uma aberração da natureza do ponto de vista da sociedade castradora. Impossível convivência dentro dos parâmetros mundanos.
Mas mesmo assim, eles tornaram-se uma lenda.

Gostar da banda seminal, é acreditar que o mundo pode e deve ser livre. Joey, Johnny, Dee Dee e Tommy foram paladinos medievais de uma retomada da consciência humana. Como trovadores antigos disseminaram o rock por onde passavam. Flautistas mágicos que colocavam dentro de sua retina, a imagem do lutar por algo que se acredita.
Nem que seja pelo milagre.

O mundo havia preparado para os quatro nada mais do que uma existência podre, como o faz para todos. Mas os Ramones são a prova viva de que é possível tornar-se algo maior que o marasmo de alma embutido em nossa genética. Não existe estudo erudito que consiga mostrar o quanto a banda foi capaz de germinar uma centelha de liberdade, seja ela na música ou na vida de todos que ousam escutar seus acordes minimalistas.
Canções que são verdadeiras aulas de simplicidade e vulcanismo sem precedentes.


Amar uma banda como essa é perceber que sua alma é formada não apenas pelo etéreo, mas sim por substâncias químicas concretas. É entender que a liberdade é palpável e possível de se conseguir através do amor pela vida e suas conquistas mais simples. A pieguice de qualquer observação torna-se algo inexato e bem vindo, mesmo porque Joey sempre foi um eterno romântico.

Desde 1974 até 2011, o legado da banda é um dos mais sólidos dentro do rock. Eles não são apenas um grupo de garotos disfuncionais, são mestres na arte libertária da educação.
Por isso algumas aulas raras...

a) Uma gravação ao vivo raríssima de 1974, feita no CBGB's no dia 15 de setembro. Um trecho desse vídeo está no filme End Of The Century, mostrando quanto eles não se entendiam. O set list é:

Now I Wanna Sniff Some Glue,
I Don't Wanna Go Down to the Basement,
Judy Is a Punk



b) Outra rara apresentação no mesmo bar, agora em 1979. Com as canções Loudmouth, Rockaway Beach, Teenage Lobotomy.



c) A entrevista de Joey Ramone no programa de Jay Leno. Tempos do disco Mondo Bizarro. O vídeo mostra a apresentação e a conversa com o cantor.



d) Uma reportagem rara feita pela televisão portuguesa em 1980 sobre a banda.



e) finalizando com a apresentação para o MTV Movie Awards de 1995, onde a banda tocou três covers inusitadas. Incluindo Madonna e Elton John.