25 de maio de 2011

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GD 94 LENDAS CALMAS....


Você poderia chamar de saudosismo, ou encantaria-se em descobrir que a velhice acaba chegando para todos. Inadvertidamente e como uma doença silenciosa. Único saldo concreto de sua existência é a sua própria morte, mas até lá existem milhares de coisas para se ver, ouvir e sentir. Por isso nada melhor que descobrir alguns dos velhos heróis de uma cena, que a história parece mostrar como um dos últimos movimentos genuínos do planeta.
Mas antes...

Existem duas bandas que viveram (e uma delas ainda está), em lugares que são tão obscuros dentro da germinação do grunge, que por muitas vezes são considerados as sementes seminais do movimento. E quando eu digo lado escuro, eu quero dizer garagens imundas, letras cheias de sarcasmo e revolta. Acordes que são muito mais parecidos com serras elétricas do que riffs e uma capacidade de fusão atômica entre letra e música absurda.
Esses elementos criaram duas bandas que escreveram talvez uma das maiores coleções de músicas das décadas de 80 e 90. Irmãos não siameses dentro de uma família desconexa, que teve em Kurt Cobain o filho mais deslocado.

Dois documentários tentam captar a essência dessas duras maters de titânio dentro da história. Uma delas é a espetacular MUDHONEY. Que Mark Arm gosta do Brasil, que a banda já tocou de graça no interior do estado de SP e que eles são adorados nos círculos mais descolados, isso é notório. Mas esses verdadeiros heróis, nascidos em 1988, também não são nem um pouco idiotas.

A banda começou sob o quase óbvio signo da radicalidade. Arm e seus comparsas (Steve Turner, Dan Peters, Guy Maddison e também com as participação de Matt Lukin (que ganhou uma canção do Pearl Jam), Wayne Kramer e Steve Dukich), formavam uma das mais barulhentas e sujas bandas de Seattle.

Com letras que mostravam o desmembramento de uma quase perdida juventude, com a mais fina irônia ácida e cínica, a Mudhoney é um combo de perverção e sangue que dilacera. Desde os primeiros acordes com a banda Green River, até os dias de hoje, jamais comprometeram a integridade artística. Sempre fizeram tudo da maneira mais original possivel, mesmo com Mark trabalhando para a ex-indie e atualmente grande gravadora, a Sub Pop.

Controversos, sujos e feios. Uma das maiores bandas de todos os tempos, com uma discografia de causar inveja em muita gente que supostamente começa com os rótulos de punk ou grunge. Tudo isso celebrado no documentário I'M NOW.
Contando a história desde a gênese, o filme (como tudo relacionado com a Mudhoney), ainda tem poucas pistas de quando terá sua estréia ou ficha técnica. Apenas um pequeno trailer, o website e uma conta no twitter, onde poucas informações podem ser recolhidas. Sempre possivel também seguir o senhor Arm, mas não espere muitas pistas, afinal de contas eles não jogam em favor da glamourização e do hype.

I'm Now e seu trailer curto e misterioso abaixo.



Outra octaedracubana banda dos anos 90, é muito mais pesada e possivelmente mais obscura até que o chamado pai do grunge.
O nome em questão é a TAD.


 1989 até 1999. Curto espaço de tempo determinou a vida de uma das mais pesadas bandas dessa época. Mesmo porque o som do combo era muito mais baseado no heavy metal dos anos 70 do que no punk, como era costume de quase todas as bandas de Seattle.
Com uma formação quase em formato de trupe itinerante, a Tad (seminalmente um trio) conseguiu colocar algo mais sujo e desconexo dentro do som.
Como a grande maioria das bandas desse tempo e depois de algum sucesso inicial, assinaram um contrato com uma major (começaram na Sub Pop, passaram pela Warner e terminaram com a Elektra).  E como muitas outras sensacionais claves dos 90, perderam-se pelo caminho.
Com uma formação mutante e com uma discografia quase tão extensa quanto o número de pessoas que tocaram na banda, existem discos quase que obrigatórios para audição.

Esses três álbuns (8-Way Santa / 1991, Inhaler / 1993 e Live Alien Broadcasts / 1994) devem ser as primeiras pedras vulcânicas que você pode explorar, para entender o que era o peso e as influências deixadas por eles.
Além do que, já está rodando pela internet o documentário sobre o grupo.

Dividido em 8 partes, conta a história completa e contém depoimentos de muita gente grande do grunge, assim como de todos os ex-integrantes.
Hoje senhores de respeito.
Uma banda que por muito tempo foi considerada menor e apenas feita para iniciados, tem um legado muito maior do que se imagina.
Nunca venderam milhões e suas maiores apresentações foram ao lado do Soundgarden, mas seu legado dentro da música pode ser comparado ao Nirvana.
Assista....