1 de junho de 2011

GD 95 MANHÃ DE OPOSTOS....


Por mais que pareça uma catástrofe auditiva, colocar seus ossículos em acordes não equacionados e muitas vezes confusos, existe sempre a possibilidade de algumas dessas novas estrofes binárias deixarem um gosto remixado em assombros e viagens.
Por isso deixar seus ouvidos abertos à experiência pode ser recompensador. Partindo desse conceito, ficamos então preparados para o que essa banda de Nova Iorque mostra.

BELL é o nome desse quarteto que transita por entre uma nuvem vezes doce, outras quase claustrofóbica de notas eletrônicas. Uma compilação de tudo o que se tem no mercado binário de canções. Sons desconexos, vocalizações nervosas e mudanças de andamento que parecem saídas de algum conto de fadas tenebroso.
Se existe alguma relação entre os sonhos em cores e pesadelos em sépia, a banda formada por Olga Bell, Gunnar Olsen, Jason Nazary e Michael Saltsman, sabe como dosar bem as definições. O disco de estréia, chamado Diamonite reune transições entre décadas.


Existe uma porção dos 80, 70 e 90 dentro desses botões por onde se faz música hoje em dia. Mas esse amontoado de nuances não transforma o som em algo maçante. Talvez aí resida a melhor qualidade da história toda. Não existe nada que não possa ser fagocitado e cuspido em forma de outros diamantes sonoros. Mas se sua praia auricular sempre foi e será uma sala cheia de suor e velocidade, talvez não é com Bell que suas convicções mudarão.
Mas sempre é bom deixar novas equações formarem sua mentalidade.

Em uma variação de alquimia, estranheza e ritmos de pista, a banda consegue uma bela estréia.
Ouça...



Mas como sempre existem outras possibilidades.
Em um local onde cavaleiros medievais dançam ao redor de uma fogueira azul, cercados de ninfas aciduladas e cobertas de anfetaminas, reside o som de uma banda chamada THE WOOZIES. Coincidência ou não, são de Columbus (Ohio) e do mesmo jeito que a Bell, possuem uma coleção de referências literário-musicais que transpassam por dezenas de anos e transcendem o simples passar do tempo.

Reflexos de coros bossa novísticos, um amálgama dos anos do coelho branco lisérgico e a certeza de que a banda saiu de uma máquina do tempo verneana de proporções astrais. Todas as canções do EP de estréia (The Cassete Tape), possuem uma ligação iônica com a memória afetiva que não foi vivida por muitos dos que ouvem os acordes. Mas as notas conseguem uma sensação atemporal a cada nova audição. Algo que apenas a psicodelia bem feita pode fornecer.


O nome desse EP é apropriado, já que apenas 100 fitas cassetes físicas foram produzidas. O resto do espólio sonoro apenas livre para compra digitalmente, pelo preço que o apreciador quiser pagar.
Uma sensacional coleção de décadas e definitivamente uma das melhores estréias do ano. Canções como Shake Shimmy, Gasoline e Impetuous colocam a banda na linha de frente no quesito guerrilha sonora. São polaróides muito bem retiradas, com os melhores enquadramentos em preto e branco. Texturas e formas espaciais bem concatenadas com a luz.
Ouça...