As
pessoas no metrô andam doentes,
assoam,
tossem e espirram filamentos ao vento
tormento
esse não fosse suficiente
ando
por entre protozoários macabros
o
estrondo, o estouro e o insolúvel
como
uma mitocôndria mira flores
Talvez
essa existência seja hipocôndrica
talvez
a sofreguidão seja esfregaço
talvez
a lãmina seja lúdica
talvez
a morte seja única – estação –
Queria
poder usar tua pele
produzir
uma obra a passear
por
tuas linhas em tela
seria
única
seria
cinza
seria
assombrada
seria
sexo, sangue e laceração
Tua
actina dissolvendo meu esperma
como
quando em cima ficas
teus
bicos em minha língua
teus
seios em minha salivação
Porém,
as pessoas andam doentes no metrô
desilusão
fúnebre dos passantes
contagia
em conta gotas a alma
de
quem próximo deambula
/e/
se
perde
a pensar no soneto que não vem
Na
vida parada na inércia,
do
plástico banco cor de merda
E
ao mesmo tempo em que o cheiro veritas
a
sombra de teus nódulos metatarsiais
afaga
minha nuca no sofá
e
mesmo isso não é poema
nem
soneto verso
o
único piso frio que ofereço ao mundo
como
sempre conotas
Mal
sabes que a sua luz salva
desses
detalhes de íntimo cárcere
mal
sabes que o desassossego não é lápis
que
o podre permanece preso solitário
dentro
de uma caixa com cadeados
só
aberta na hora do exorcismo...