22 de maio de 2011


Hora de desopilar.

Desaguar o ódio pelas letras talvez seja a melhor saída para a impaciência da alma, mas e o resto?
Trâmites de uma vida cheia de colisões. Aquelas mais pesadas ou as catarses em forma de minutos. Uma camiseta, uma frase ou apenas um pequeno canalículo de tempo que escorre a evolução humana em diversas direções. Não existe um lógica ou fórmula mágica, de como o coração humano vai caminhar em eletrocardiográficos sensitivos. O único pensar possível é de que o caminhar precisa de ferro em brasa, na mesma medida que o ar gélido do acalento.

Por isso indispensável seria o auscultar melodioso dos palíndromos da cantora ALICE GOLD. Mesmo porque ela é prova viva de que, o caminhar por entre terras outrora designadas como finitas, é algo que se faz com passos em diferentes posições.
Ontem foi provado que o retorno violento para um período de nossa história, é o produto final de uma equação com valor quebrado. Dinossáurica maneira de evoluir, que não leva definitivamente à lugar nenhum.

Mas existem as claves...

Alice nasceu em Camberley, mas sabia que o amadurecimento de suas notas não poderia passar em minuto algum pelo excesso de etileno campestre. Por isso como outra valquíria inglesa, PJ Harvey, já estava em Londres em tempo breve. Ainda era pouco, por isso a sempre providência divina do destino encarregou-se de colocá-la em sintonia com a evolução octaedracubana.

Em uma mesa de poker...


A passagem para os Estados Unidos foi ganha por entre as cartas, mas as marcações de uma vida não poderiam ter mais exatidão do que essa. Mesmo porque o espírito livre de Alice não poderia ser domado. Exatamente como na letra de um Mundo Livre, máquina bem equacionada de criação em lava.

Por entre lições em Luxemburgo ou moradas navegantes, seu som começava a sedimentação. Depois, prender a atenção do produtor Dan Carey (Franz Ferdinand, Hot Chip, Lily Allen...) foi algo natural. Começava então a produção do que é hoje seu álbum. Obviamente posterior aos quatro singles que maturaram a idéia (Orbiter, Runaway Love, Concersations Of Love e Cry Cry Cry).

Seven Rainbows (o disco), reune todas as nuances que fazem um belo trabalho de estréia. Não apenas pela produção matematicamente suja, mas também existe uma capacidade de subverter o óbvio, que em quase todas as canções trazem consigo o desespero pela movimentação anti-horária. Como se fosse possível evoluir em outra direção. Com saídas em notas nada pleonásmicas.

Quando o pop começa a tornar-se demais, uma lisergia bem vinda. Ou quando os caleidoscópicos tornam-se muito claustrofóbicos, uma ventania branda parece crescer nervosamente por entre as músicas. Uma leve nuvem de tempestade dentro de um céu azul demais.

Ouça sem falta Alice Gold, talvez uma das suas prediletas meninas com asas e experimentações cerebrais. Aqui você confere Conversations (o áudio), Runaway Love, Orbiter e uma cover mais do que bem vinda de Your Time Is Gonna Come do mastodonte Led Zeppelin.