15 de junho de 2011


Quando regurgitar estilos é válido?
Criar algo do nada, em tempos onde as informações são traficadas em velocidade da luz, é algo quase impossível. Mas não produzir algo original jamais será sinônimo da falta de talento.
Wes Doyle é uma prova viva disso.

SLOW LORIS é o projeto desenhado e equalizado dentro de seu quarto. Aliás formatar canções em sua casa, também é outra característica desses novos tempos.
Aí reside a beleza de tudo.

O músico consegue em seu mais recente disco, Routine Glow, amalgamar uma ruidosa quantidade de informações. São movimentos, conceitos e notas que lembram seu cérebro de todas as evoluções dentro do rock nesses últimos vinte anos. Você pode escolher, que definitivamente estará lá.

Wes é cria desses novos tempos. Informações ao alcance dos dedos e continentes gigantescos transformados em pedaços de terra minúsculos.
Um clique de distância e mais nada.
Mesmo não sendo o mago da originalidade, saber regurgitar essas informações na forma de canções que apresentam uma hipnose auditiva, é tão genial quanto o 1,2,3,4 dos Ramones.
Quer dizer, não tão genial, mas aproxima-se bem.


Guitarras que desafinam qualquer expectativa de pleonasmo e misturas eletro-analógicas que conseguem prender sua atenção por audições e audições. O disco é como se a Slow Loris fosse uma prova prática de décadas passadas.
Unindo o alternativo com o visceral.
A binariedade com a garagem.
O seco e sujo com a produção limpa.

O disco vai prender sua atenção pela beleza de tonalidades sinápticas em calmaria como Window By The Stairs, ou a verocidade de Everybody Knows. Faixa aliás, que leva a equação pixieniana de Where Is My Mind, para o topo do quase plágio. Essa palavra fica fora de contexto, quando se entende o que as músicas traduzem.

Em todas as faixas desse mais recente álbum, suas camadas poderão ser estimuladas com a mesma velocidade de informação internética. Existem centenas de informações dentro do registro, que definitivamente uma única vez não será suficiente para que se entenda todas elas.
Astoria é uma dessas canções recheadas de entrecantos calamitosos suaves.

Seja pelo peso ou calmaria, esse tubo de ensaio binário calculado em detalhes por Wes, é poderosamente auscultável. Reunião precisa de tempo, notas e beleza, que como tudo na vida, é traficado pela velocidade descomunal do sentir.

Ouça abaixo o novo disco da banda. Routine Glow pode ser baixado de graça.
Mas reserve um tempo para a discografia toda, que vale também.