20 de agosto de 2011


A latinidade por muitas vezes esconde-se em nuances distantes da terra mãe. Por mais que se pense sobre toda a história que envolve os ritmos dentro da música latina americana do sul, o mundo guarda hoje um amálgama com outras cidades e outros amores em claves. O que pode ser falta de talento para uns, pode permanecer dentro de uma aura de alquimia edificante. E dois exemplos de países com distâncias territoriais, podem esclarecer essa premissa.

Primeiro comecemos com nossos irmãos de continente. Quando se fala em rock ou música argentina jamais poderia-se pensar em uma banda que toca ambientações quase holísticas. Bigodes de mestres na arte do yoga, jamais poderiam imaginar que um povo com a capacidade de bailar (como são os argentinos) poderiam produzir uma cadência tão beatificada entre imagens sacras e nuvens de cânhamo pastosas. Mas como paradigmas estão vivos para serem mortos, nada melhor que a SOBRENADAR.



Se o minimalismo estava em voga nos acordes de plasma na Beach House, essa reação química argentina não fica atrás do béquer da experimentação. São teclados voadores e sintetizadores em imersão profunda de hipnose regressiva. Auto intitulando-se de "musica acuatica" a condutora desses venais sonoros, Paula Garcia, foge da normalidade e desloca seu centro de gravidade por belezas em contemplação. Cada acorde deve ser sentido e cada nota deve ser escutada e repassada por cada pedaço de sua alma. Não tem a mínima vocação para elevadores, mas o poderio de elevação das canções é sensacional.

Talvez não seja o que se espera de uma banda latina, mas definitivamente pode tornar-se beleza intercontinental. Os dois discos de Paula estão disponíveis para download gratuito.






Outro exemplo de alquimia por entre terras e sons, é a banda de Adelaide (Austrália). TERRIBLE TRUTHS tem o nome da decepção, mas suas canções não passam desapercebidas. O som desvia do simples alternativo e muitas vezes transporta todas as notas por um amadorismo de mentira. Um pop quase catatônico, mas em nada barato de emoções.

O trio (Liam, Rani e Stacey), preferem o desacerto da velocidade e guitarras em agudas navalhas. Muitas vezes colocando uma ligeira febre de chiclete. Baterias secas como em um pós punk nada apocalíptico, e vocalizações duplas. Um emaranhado de notas que se não destoam do lugar comum do pop rock, podem muito bem serem aproveitadas como saída de algum marasmo diário. Aqui as influências de outros continentes são tão fortes quanto as canções e tudo fica muito claro desde o começo. Mas nem por isso deve-se fechar os olhos para essa febril capacidade de fundir tempos e acordes.

A banda acaba de lançar seu mais recente EP, que além das canções tem uma apresentação muito bem feita.



Terrible Truths (2011) by S. Wilson