19 de junho de 2012



Talvez a única chama dentro de seu peito ardendo distorção hecatombica seja uma camisa de flanela ou algumas reses restantes de acordes finitos em trincas de marquises. Porém, é necessário que ao menos uma visita aos laterais convexos de alma sejam revistos uma vez entre outras inadequações. Visto que o mundo da música atualmente conta apenas com seus nomes de sempre - a quantidade de novos discos de velhos nomes são as canções que mais chamam atenção dentro de 2012 e nunca se comemorou tanto a volta de Cat Power - uma olhada no documentário Sunshine For Shady People se faz necessária.

A banda Arab On Radar é um dos inúmeros casos onde os perdedores mostram o quanto podem ser viscerais. Não havia amizade antes e a única coisa em comum inicialmente era que todos preencheram fichas de inscrição para trabalhos em uma fábrica de submarinos em Connecticut.

A AOR nasceu obviamente dentro de um bar, em 1994

Outra  peculiaridade eram os apelidos. Os integrantes (Eric Paul, Jeff Schneider, Stephen Mattos, Andrea Fisset e Craig Kureck), escolheram alguns primos nomes. Paul era Mr. Potty Mouth, Schneider tornou-se Mr. Clinical Depression, Mattos era Mr. Obsessive-Compulsive Disorder. FissetKureck não usavam. O que não importava, já que nenhum deles sabia como tocar um instrumento, muito menos entender como funcionava a escala de acordes. O que não fez a menor diferença quando a banda nos anos 90 fez seus primeiros shows abrindo para Marylin Mason. Os clichês abundantes do rock fizeram com que Andrea Fisset, a baixista, ficasse na banda apenas por dois discos, partindo em 1999. Arab On Radar ainda aguentou mais dois, encerrando as atividades em 2002.

2010 marcou um ensaio de retorno, obviamente abortado em seu seminal início. Mesmo a pequena discografia - 4 álbuns, 4 EP's, 2 compilações e uma coletânea - a banda permanece com uma das pilastras quando o assunto é peso, distorção e uma caleidoscópica lisergia de sinapses violentas.

As canções são extremistas e por vezes com uma tendência ao inaudível. Como se fosse possível sentir substâncias epilépticas tomando conta do mais escondido recanto neurológico. My Mind Is A Muffler ou #3 são pequenos exemplos de como um quarteto pode soar ao mesmo tempo amador e sensacional. Mas não são apenas esses dois singles que transmitem a sensação de que é possivel sim viver nas terras obscuras de Ministry, mesmo apelando muito mais ao analógico do que ao digital. Como se Devo fosse menos palatável, ao mesmo tempo, um destruidor de tímpanos.

Transitando a maior parte do tempo pela gravadora Three One G, é lançado o documentário Sunshine For Shady People, uma epopéia de shows e depoimentos dos integrantes e comparsas. Mostrando que a geração perdida de Kurt, na verdade era formada por muito mais pessoas do que apenas os moradores de Seattle.

Obs: A discografia da banda está solta pela binariedade e vale a correria:

 Queen Hygiene || (Herrepin, 1997)
 Rough Day At The Orifice (OpPoPop, 1998)
 Soak The Saddle LP / CD (Skin Graft, 2000)
 Arab On Radar / Locust Split 7″ (Gold Standard Laboratories, 2000)
 Yahweh Or The Highway LP / CD (Skin Graft, 2001)
 Arab On Radar / Kid Commando Split 7″ (iDEAL Recordings, 2002)
Queen Hygiene || / Rough Day At The Orifice CD (Three One G, 2003) 
 The Stolen Singles CD (Three One G, 2003)