10 de agosto de 2012

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Uma inegável liberdade mentirosa


Para quem acha ou ainda vive esperando a redenção russa contra o capitalismo selvagem, existem mais tiros no pé do que acertos nesses últimos dez anos. Vladimir Putin, o faixa preta, não somente é uma hecatombe de burrice galopante como também deve pensar que por seus músculos reside a genética de um super herói em vermelho sangue e pisado. Uma mancha quase hematomática que reverbera proibições de outrora. Não somente Kassab é partidário da falta de liberdade ou a Rota sempre abraça a morte. Na Rússia, a velada abertamente lei do silêncio também é a tônica.

A foto acima é da banda de punk rock de meninas chamada Pussy Riot. Literal revolta da buceta (ops, desculpem-me feministas queimadoras de 140 caracteres, vagina), elas são acusadas por Putin de vandalismo por cantarem uma oração contra o governante em uma catedral ortodoxa.

Não é de hoje que esse grupo quase fechado de católicos anda de mãos dadas com o governo. Nascidas pelas mão de Santo André e catapultada dentro do continente vermelho pelo considerado santo, Vladimir I de Kiev (AKA O Grande) em 1448. Seus 135 milhões de seguidores pelo mundo rezam pela cartilha de uma organizada oligarquia religiosa. Putin mantém laços bem estreitos com os ortodoxos.

A banda além de não gostar desse não estado laico, resolveu protestar. O problema é que o verbo acima indica aceitar críticas e sabemos por experiência tupiniquim, que criticar o topo - seja ele politico, social ou cultural - é mexer com vespas tão raivosas quanto vingativas. Vladimir, o Putin, como todo bom acéfalo enjaulou as três roqueiras. Nadezhda Tolokonnikova, Yekaterina Samutsevich e Maria Alekhina estão presas desde o início de março e assitem ao seu julgamento isoladas em cela de vidro. Como perigosas espécies de animais raros, as valquírias podem pagar com sete anos de suas vidas em uma prisão russa pelas acusações.

População dividida, a ira dos ortodoxos, do faixa preta hollywoodiano de ferro e três mulheres que lutam apenas com a voz formam esse pano de fundo. A sentença deve sair no próximo dia 17, com o aval do primeiro ministro, que em um incrível "tortura e assopra", deixa claro que as pagãs devem pagar, mas a pena pode ser mais branda. Porém, pelas declarações da banda não haverá recuo na luta pela liberdade de expressão nas terras de nossos camaradas. Acusadas pelo promotor federal Alexei Nikiforov, as meninas em lava levam em suas costas acusações por humilharem e ofenderem deus, as famílias ortodoxas e suas crianças. Além de vandalismo por ódio religioso.

Mas existe o rebote:

"Apesar de estarmos atrás das grades de vidro, somos mais livres que qualquer um dos que nos acusam", resume Tolokonnikova. Termina dizendo: "Nós podemos dizer o que queremos, enquanto eles dizem apenas aquilo que a censura política permite".  A Pussy Riot já despertou interesse em Madonna, que como Bono Vox passa a vida procurando uma peleja pelos direitos humanos para poder mostrar o quanto é humanista. Yoko Ono,  via Twitter, deixou claro sua posição pela liberdade da banda.

Enquanto no país do futebol, baluartes da MPB pedem dinheiro público para livros de poesias, na Rússia, mulheres lutam pela liberdade vaginodurente e da palavra. Talvez a máxima, deitado eternamente em berço esplêndido não seja tão mentirosa assim...