1 de abril de 2016

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Libertário

... no vazio do ônibus
fones ressoam
a pobreza intelectual
de antiga colonização...

o granizo que escorre como desmoronamento
acidente que marca a extinção do homem pós moderno
deixa explosões brancas em telhados sujos
marca o nascimento animalesco

- incrível é sentir o pulsar ventricular

... bumbo de ressonância esquerdo
o rasgar d’alma internamente
livrar-se de duas mãos fascistas
que asfixiam carótidas...

- nesses tempos renasce assim o coração

... após recolher o pranto
pela manhã
                  resoluto
                            retorcido
                                       dissolvido

partido em centenas de pedaços
a velejar pelas costas
durante a madrugada

cada gole de saliva destruído
ao discordar de toda infinita possibilidade

é preciso cometer o sonho
nesse lago de ossos
o lago de ossos verde
repleto em folhas pós tempestade
cobertor de toda a sujeira
das calçadas

cercado por pedras lacrimais
congeladas
que desertificaram o solo
queimado pelo sol de outono

... e quando a lava romper o chão
libertará cada coração
preso politicamente...