19 de janeiro de 2017

chuva a semear restos de sonhos impossíveis
passo que o corpo sucumbe ao medo por completo

de não amar
de não fazer uma rampa
de ter um acidente vascular cerebral hemorrágico

o copo de uísque que constrói um filósofo
o vinho que desmascara verdades impossíveis

acontece então o alívio nos minutos poentes
enquanto de costas
permanece ao Homem

ouve se a reza
a torcer que ele
esfaqueie por demais vezes
esconda o corpo por debaixo dos ladrilhos
restos mortais que semeariam o solo
desta sala quente de trabalho

junto da chuva
ao solo
a chuva & o solo
os restos
caveira A-Nasal
rosa alada sem cor

uma desistência
árida como areia quente
afiada como navalha

sudorese pré cardíaca que dissolve resquícios
de dignidade
sensação da iminente pneumonia
da vida em cativeiro
no gélido ar condicionado
é mais possível
do que achar um sapato que tenha caráter.