13 de janeiro de 2017

A distância entre o casebre no beiral d’uma linha férrea
aos poucos consumido pela oxidação
& a sacada burguesa branca onde prendi a corda
de meu suicídio
era de trezentos e trinta quilômetros de coração asfáltico.

Um único último som a ser ouvido quando o crânio quebra se
é o florescer de alguns parcos restos humanos
vagando por grandes avenidas
aprisionados aos edifícios
enquanto são chicoteados por tremores de vida.

Todas lembranças – o cheiro do aço retorcendo os dentes
elásticos formam fossas tectônicas nos ossos temporais
existência alimentada por fios, enquanto a rejeição completa,
encubada nas veias repousa
por entre pensamentos sobre a Morte
                                            [na luz d’um abajur coruja.

Som poluente trina uma navalha na artéria central
O peito edemaciado por fumaça
O hematoma que exterminará reparos da mediocridade vendida como saída
O espírito humano esmagado por portas giratórias de falsos progressistas
O sangue que corroerá miríades extremistas ao som de gemidos clitorianos
                                       Lançados por catapultas.

Aos poucos a corda se fecha
labirinto de tosses em caixote de aço milimetricamente disposto aos noventa graus
vê-se o botão de pânico ao lado da porta
a sacada então abre se em escada rolante
escada de engrenagens por onde súditos desesperados em pensamentos
no reino de cartunescas figuras
destruíram máquinas de livros.

Febre de alucinações causada pelas feridas do Sol
lança órbitas acima do horizonte
lembrança do beijo na esquina, O começo,
rompida por dizeres bárbaros a invadir o encéfalo
no açoite do frio em dezembro
ordena que se erga os braços ao céu de cerejeira
urrando salvação pois Jesus está em cada nó.

Recordações do casebre se distorcem
na realidade da corda as perdas d’um Natal torcido
abafado
decomposto pelo álcool & cigarros
cambaleios d’um eterno bêbado do subconsciente
acordado pelo tapa tão forte no rosto
que faz voarem os óculos
dentes que rangem uísque
a Forca que pressiona o crânio esmagado por correntes de couro na gengiva
memórias paternais enquanto o nó amarra a faringe ao desfalecer final.

Revolucionários sonhos mantidos arredios
presos por moldes sombrios familiares
cadafalsos em fileiras atirando corpos em paralelo
dos coletivos.

Ao longo do infinito tempo o qual a Morte se aproxima
& o som abafado d’um adeus não mais se ouve
onde os cantos escuros da fachada agora parecem troncos de pinheiros
no centro oeste dos Estados Unidos
tudo que resta é explosão
tudo que resta da vida é estar pendurada n’uma argola
a cabeça silencia os murmúrios de precisa redenção
marretas de rostos a moer o cotidiano.

São quinze minutos passados das sete da noite
GRITE ENTÃO GRITE ENTÃO GRITE ENTÃO GRITE ENTÃO
GRITE
GRITE ENTÃO GRITE ENTÃO
GRITEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
contudo se percebe apenas o dissolver da pele
no motor do Mercedes Benz que passa ao longe.

O corpo em pendular movimento afaga os sonhos
cefaleias de tensão há tempos conhecidas
saudades encapsuladas trancadas por todas as chaves certas
despertas pela frase que insiste em abordar o destino
retirar o esqueleto velho & desovar um novo
neste ritual libertário.

Desta Morte é preciso reter a calma resiliente
contrária da violência nascida no rebentar do hospitalar nascedouro.
Onde as últimas flores são depositadas na incubadora
& dores imensuráveis na dissolução do periósteo, que jamais poderia segurar os dentes
formam Costumes unindo se às Memórias.

É exatamente por isso que se deve caminhar...

Pois as próximas Gerações nos devastarão de todas as possíveis lembranças da Terra
Retomar a Vida que nos foi tomada em uma Revolução contra a Ordem Social
- de falso caminho único –
Donos do Tempo uma vez mais através da Errática dos A-História
Destruir os Vícios Órficos do amaldiçoado Desenvolvimento Messiânico.

Até que sobre apenas o mármore de tuas coxas
a esmagar minha língua
assim como Deus, ressuscitar no teu Útero
libertária asfixiofilia
após trezentos e trinta quilômetros de coração asfáltico.