Enquanto as vidas resistem n’uma guerra de palavras
onde cadáveres são velados ainda vivos
andamos pelo trajeto dos antigos transportes públicos privatizados
fragmentos de pensamento
de salento
esquecimento
A miséria que faz algo vivo d’alma
enquanto um Monstro atira no teu ser a tela
de branquidão cartesiana covarde e não libertária
reflexo da auto imagem heteronormativa autoritária
Sombras que perfazem pernas em cimento
cantos verdes em ângulos
semi retos
semi secos
dos assimétricos sons d’um Garoto A
trombetas a subirem escadas rolantes
fantasiadas de fuligem, fantasiadas de vida, fantasiadas de mérito
fantasiadas
“it’s all along…it’s all along…”
Pilares que refletem cores dos extintores
tropeço no calçamento o corpo em inércia
rompe a garganta
enquanto flutuamos em aço, rancor & distopia
com olhos cravados na terra
da esperança no desabamento
órbitas focadas nas cores prediais do século dezenove
Todas as lágrimas não derrubadas na Luz
danças primais no asfalto
destroem o pedaço da suástica
dinamitar o ódio não subliminar
a combinar matizes de paredes com lavagem cerebral
Rápida, forte & evangélica
repetida aos escombros binários
ouvidos, aço e falanges desgastadas pelo modo fabril capital rolante
em vermelho sangue aos olhos fixados -e fechados- na direção do Pato
As esperanças perdidas ao trocar o cigarro filtro branco ao laranja
tanque posto sobre vozes dissonantes
decalque d’uma arma desenhada em dedos esferográficos
segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo
aos terminais ramos
do nosso cotidiano calcário
Não há tempo da desistência
mar recuou por mais de cem metros
a Onda virá violenta, certeira & sanguinária
envolta em programações, números sorteados por inteligência artificial
esmagando corpos e os colocando como bateria de carro