1 de abril de 2020

,

amorar

origamis ascendem enganos
a lenta construção duma melancolia
enquanto questionamentos oculares
transpassam o concreto
a descer cambaleando por uma rampa

tronco tilintante
unhas derretidas
adormecem o crânio
todos os tendões em fetalismo
contorcem inúmeras ilusões de profundidade

o verso da terapia perdi
porém,
o vômito ainda reside no canto do astrolábio
ao lado do último espasmo
diafragmático da derrota

enquanto o inverno chega
sorrateiro
enterra um corpo na cozinha

a vastidão do mundo me apavora
a do útero me amora
a imensidão que mantém
num quadrilátero porém