1 de setembro de 2011

GD 109. FAROESTES....


Pelos acordes marcados em sangue, existe uma vácuo formado pela poeira que desce escorrendo nas encostas da amadeirada parede. Sulcos em um rosto assassino ecoam o maritacar de corvos pendurados em cadáveres enforcados na praça central. Zunido pelas encostas onde o vento transporta sorrisos em nervosismo de uma penumbra cadavérica. Pequenos pedaços de couro amarrados em selas transmitem o medo pelo desconhecido clima de uma cidadela qualquer, encrustrada na mais distante pradaria.
Não existem pessoas, as salas são todas recobertas de uma sublimação da outrora água que corria nos estábulos. O ar corta seco, afiado e destroçando as membranas auditivas. A única coisa real, é a distorção que nasce em algumas caixas de som, recostadas nas janelas da barbearia que cheira à mofo e álcool.


E esse som bem que poderia nascer das cabeças de Guadalupe, Plata e Paco. Um trio espanhol que permanece em sépias lembranças musicais. Uma banda que não concorda com nuances eletrônicas e corrobora com a pesada mão na alavanca que distorce.
Guadalupe Plata tem essa veia tarantinesca que combina perfeitamente com qualquer faroeste bem executado. Cada faixa do mais recente álbum homônimo, é o quadro de duelo onde nem ao menos pode-se saber quem é o mocinho ou bandido. Uma correia repleta de farpas que provavelmente retalharão suas órbitas, como sol em algum deserto de umidade mínima.

Mas a banda passa longe de todos os clichês em cópia e refaz seu som com uma maestria octaedracubana mortal. Definem-se como guerrilheiros dentro do rock e quando estão na linha de frente, destilando toda o secar de baterias primurianas e guitarras serpenteantes, não existe nenhuma sinapse impassível. O despertar é tão analógico quanto um soco na boca do estômago. Onze canções variando entre a instrumentação e letras como a da explosiva Gatito. Primazia da pau durescência sem vergonha e descarada.
Cabarés em drinks infernais com dançarinas e botas de cascavéis. São linhas sólidas de baixo e bateria, em uma cozinha que distorce os acordes. Tudo rápido e ejaculatório.
Ouça o novo disco (que está disponibilizado para download gratuito) e o clip para a canção Como Una Serpiente, que não carece de nenhuma explicação.