O auto intitulado braço nacional do já famoso movimento popular conhecido como Anonymous, lançou nessa manhã de quinta-feira um vídeo retratando o que pode ser chamado de Operação Independência do Brasil.
Convocando às ruas toda a população brasileira para lutar pelos seus direitos. O problema de toda essa parafernália são apenas alguns detalhes:
a) normalmente as missivas em vídeo realizadas pelos cyber ativistas não são feitas por apenas uma só pessoa e não tem a procedência de apenas um lugar. Por ocuparem as lateralidades dentro da internet, não existe uma central dos Anonymous por assim dizer. Tanto os textos e imagens são postados ao mesmo tempo por pessoas espalhadas pelo mundo todo. Isso é compactado e torna-se a mensagem original.
b) Os vídeos tem como padrão, a gravação de um texto explicando o que irá acontecer e o por que aquilo irá acontecer. O vídeo postado pelo movimento nacional, além do mal gosto evidente para a música (DIO no Deep Purple com Long Live Rock and Roll), ainda por cima não explica nada. Apenas umas palavras de ordem e as imagens que parecem muito mais sensacionalistas do que ativistas. Não é de costume desse movimento postar palavras de ordem muito menos convocar a população para passeatas. São ações pontuais e operações envolvendo a maioria das vezes atividade cyberiana.
c) as cenas de destruição de caixas eletrônicos, demolições de prédios são completamente fora da estrutura de todos os vídeos do grupo Anonymous. E também como de costume, o grupo não prega a demolição de nada. É um movimento que não usa o medo, apenas a liberdade de expressão. Obviamente que destruir o Congresso ou a Câmara dos Deputados não é uma má ideia, mas não é o que dizem os manifestos originais do grupo.
d) já é mais do que conhecida a vocação do brasileiro para cyber ativismo de araque, pois todo mundo junta-se à causa na internet e depois não aparece nas ruas. Foi assim no churrasco em Higienópolis, na Marcha da Maconha que rendeu porrada ou em qualquer outra passeata. O brasileiro é um povo passivo de anarquia de botique da classe média alta.
Esperam que seus líderes políticos e culturais os acordem para uma realidade de novela das oito. Mas esses líderes apenas seguem uma amordaçada ética de interesses próprios. Nunca pense por nenhum minuto que alguém está montando uma nova casa noturna ou uma nova petição no Congresso porque quer levar justiça e cultura ao povo. Isso não chega nas veias mais íntimas da população, que vai continuar pagando caro para entrar em shows ou para usar o transporte público.
Não adianta nada hype cultural ou hype de ativismo. Mesmo porque quem deveria ser a chamada esquerda cultural das coisas, muitas vezes são tão perversos em suas manobras de existência, que são tão podres quanto os corruptores da alma (vide os exemplos recentes do coletivo Fora do Eixo).
Como tudo no Brasil sofre uma orkutização, eles fizeram o mesmo com o Anonymous.