20 de agosto de 2012

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Nervosinhos de plantão...



Bate estaca é algo tão datado quanto acordes remanescentes dos antigos discos da banda Sonic Youth, mas existem possibilidades. Uma delas é Catgut, banda de Edmonton que apenas esse ano colocou as claves na binariedade. Muito antes, apenas sons em garagem e mais nada. Phil Holtby lidera essa pequena hecatombe de sons agudos e guitarras que destoam. Imprecisão de acordes que soam até muito deslocados levando-se em conta a época em que vivemos. Um amontoado de bandas velhas retornando e poucos corações em fúria - a não ser Bob Mould - corroendo nossas veias cefálicas.

Mas a banda que tem o nome da fibra preparada com intestinos de animais pode ser tudo, menos despreparada para bater de frente com o modus operandi binário. O disco Fightpicker é quase um EP de luxo e tem o desespero dos que correm contra a inundação dentro de sua genética. Trabalho de mixagem e gravação bem concatenado por Jeff Kynoch, as canções não deixam tempo de cura entre uma porrada e outra. Muitas vezes apelando para as lisergias quase clichês, mas deixando em seus lábios o gosto do sangue após um direto de esquerda.

Por vezes envereda por caminhos que lembram pavimentos pesados dos noventa. Parece buscar lembranças de um tempo que não acabou, por uma geração sem rosto e sem nome, porém, canções como Fightpicker e Hotwheel não são apenas meras cópias. Existe um esmero em deixar tudo não apenas barulhento e recozido. A voz esganiçada ensaiada de Phil pode até ser uma mera cornucópia do envólucro passado. O que necessariamente pode não ser uma coisa ruim. O que não quer dizer que a banda seja uma salvação, muito longe também dizer que lá vem mais uma série de fotogramas copiados em algodão arroxeado de mimeógrafo. Os acordes são sempre crescentes e quando necessários, intervalos e mudanças que deixam todos os artelhos em polvorosa. Existe uma centelha talentosa nesse disco que deve ser obrigatoriamente explorada pela banda, pois corre-se o risco de desaparecer em meio aos vergalhões críticos, no paridouro das novas bandas - a cada dois minutos e meio em três acordes.

Valem a audição, além das duas acima, Latin Hombre, Truce (uma linda faixa abre-alas), Chewball, The Loonhouse e Taken Back. Nervosinho na medida e esteriotipado na mesma nota, mas não desprezível.