Faltam ainda muitas folhas em branco
em branco
Faltam ainda muitas pessoas
na plataforma
Esperam horas e horas
na borracha
Esperam minutos, segundos atrás
da linha amarela [nem sempre]
Adentram pelo frio amianto seco
em restículos de alma
Comungam passos unidirecionais
sem sorrisos
Comungam cercas eletrificadas
em fones de ouvidos
Atrasam o tiquetaquear metropolitano
azul, vermelho e cinza
Atrasam as tentativas insípidas
em parecerem preocupados
Sobra espaço no acetato moldado
como reações humanas
Sobra a pífia tentativa de contato
na inércia dos esbarrões
Ritmado retângulo de aço que chega
sempre chega sempre
Ritmado corpo que no cotidiano
sempre entra sempre
O cansaço persistente no poente
mão levada à cabeça
O cansaço aparente na alvorada
mão trôpega a segurar se
Mantem [se] assim sincopado passo
em direção ao fim
Mantem [se] assim a esperança na velocidade
engrenagem sólida
equilibra a vida