4 de outubro de 2013

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Nem sempre...

Faltam ainda muitas folhas em branco
em branco

Faltam ainda muitas pessoas
na plataforma

Esperam horas e horas
na borracha

Esperam minutos, segundos atrás
da linha amarela                           [nem sempre]

Adentram pelo frio amianto seco
em restículos de alma

Comungam passos unidirecionais
sem sorrisos

Comungam cercas eletrificadas
em fones de ouvidos

Atrasam o tiquetaquear metropolitano
azul, vermelho e cinza

Atrasam as tentativas insípidas
em parecerem preocupados

Sobra espaço no acetato moldado
como reações humanas

Sobra a pífia tentativa de contato
na inércia dos esbarrões

Ritmado retângulo de aço que chega
sempre chega sempre

Ritmado corpo que no cotidiano
sempre entra sempre

O cansaço persistente no poente
mão levada à cabeça

O cansaço aparente na alvorada
mão trôpega a segurar se

Mantem [se] assim sincopado passo
em direção ao fim

Mantem [se] assim a esperança na velocidade
engrenagem sólida
equilibra a vida