13 de fevereiro de 2013

, ,

Na borda do copo...


A terça e meia volta do intestino
engole a tentativa inexata do sentir
um baque tão arredio por entre o medo
ineficácia do ser em saber o que ser
mas mesmo assim caminha-se
por entre as agulhas sujas
dispostas em paralelepípedos
postulando um lugar por entre a epiderme
de seu hálux e segundo artelho
pulsando por entre o primeiro ponto renal
decifrando por onde corre a água
um meridiano seco retendo lágrimas
as mesmas que inundam a alma
a cada segundo do julgamento terreno
por onde atravessa
a dor persiste insiste
imundice santíssima
uma crosta em teus genes
uma ferida de dna
uma artéria ineficaz
o sangue na borda do copo decifra os restos
assim esconde-se o ódio no âmago da saliva
regurgita-o por entre a lua
avermelhada cansada
por tanto sambar com a melancolia
protótipo vitimista do contrário
ensinado na vida
sobre o embuste de não ser o que se sente
ferindo o indestrutível com ilusão de liberdade
labirinto torra-se protegendo o monstro
nascido em histórias infantis por entre os dias
dos que de tanto buscar o amor perderam-se no limbo
mas ainda respiram tropegamente
e quando os fótons quantavidam em sua pele
o nascer consegue formar-se
as imagens fantasmagóricas de cadáveres fornicando nos ombros
deliberadamente acusando os atos presentes
e futuros inexistentes
é um baque de carma – nada mais –
mas o caminhar necessita esse cuidado em mostrar o caminho
repleto de escolhas diferentes daquelas que já foram feitas
por isso a epiderme tão iluminada é
pois é porto
contorno nascente de felicidade
a mostrar que não só existe dor
[mas existe]
ilumina então o completar-se
para que essa dor mostre seu ensinar
regurgita esse sofrer em sumo e faz restar apenas o tudo
aquilo que deveria sempre acontecer quando o inverno assovia
a alma querer esquentar-se usando as lágrimas frias de teus olhos
é retirar todas elas de vez de teu sangue
deixando apenas esse fechar os olhos insólito
quando apertas a nuca em teu sexo...