e aí meu pai como estão as coisas?
aqui andam na velocidade de vento /
muitas vezes poluído, como /
se fosse capaz de marcar as pessoas /
com apatia cinza
[ilesa
teve arrastão no centro /
demorou até, vou te dizer /
ano passado, lembro, voltei correndo
/
com ela nos braços /
sempre /
não foi assim contigo? /
inevitável não ver pai /
que temos muito mais do que apenas
[olhos parecidos
hoje enquanto andava /
o cachorro a olhar-me /
soube /
aquilo que me ensinaste existiu
/
sobre um mais dois /
sendo três /
pensei e imagina /
que consegui sorrir
[perigosamente inadvertidamente
imagina eu /
que o senhor já viu acenar /
em queda livre de cataratas /
com a alma aos pedaços /
rocambolesco final em
[cadarços rasgados
o sorriso que persiste /
mesmo com essa cidade de doença
crônica /
patologia na maior capitania
hereditária /
um cheiro que invade narinas /
clamando pelo resto do oxigênio
/
o mesmo que mata e oxida /
mitocôndrias em
[ seres quase humanos
crônica lacerante patologia /
habitante da cana após transitar pelo
café /
pseudópodes da cultura de abastados,
forjando /
ferro em brasa do capital /
na forma da política de coluna social
interiorana /
morada hoje
[ da nova era babuinica
lavada por uma chuva perene /
que alaga o canto d´olho /
inunda o canto da unha /
por entre as ranhuras /
do rasgado tênis, ao mesmo tempo
/
que três setas nos carros são as
únicas vias de luz
[ que sobrevivem
inversos às lágrimas que escorrem
/
das rachaduras dos calcanhares
/
em pés dos dedos nos chinelos secos
/
a bruma úmida de elíseos campos
/
de bons retiros /
são apenas lembranças de inexistente
[infância
em dias de chuva meu pai /
é possível sentir apatia de São Paulo
dormente /
sabe-se aos poucos que enfim o ar, a
sobrar /
no espaço por entre as gotas /
é puro e sem poluentes /
talvez a coisa mais brejeira seja
esse andar /
devagar do tempo, acompanhando
/
estertores do esforço passante. /
Porém, sabe-se também /
que a apatia não se molha
[pois seca é
seca como a Sé - no meio do dia - , /
engolindo aos trancos passos /
engolindo o zinco dos trilhos /
deglutindo em seu barrete /
restos da digestão da alma humana.
/
Ainda assim persiste em cair /
a água do cinza céu /
remodelando o tempo a seu favor
/
encanto mambembe do clima /
nas arestas, fachadas que assoviam
[luz no meio do dia
interessante é ver como essa
felicidade tardia /
no passar cartesiano dos dias /
chega tão forte quanto a tonelada de
trovões /
a cair desses céus de concreto /
emendar um som ao outro
[como concerto
mesmo que eles queiram a gente triste
/
com esse amontoado de sujeira /
que insistem em colocar como saída
/
dessa vida de capital /
essa violência patrocinada /
como forma de fazer democracia. Muito
mais /
espelho de descaso, do que pessoas
ruins /
muito além do simples rótulo de
baderna, /
mas como esconder bandidos, /
se as regras são ditadas pelos
[que usam
terno?