17 de maio de 2013

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Papel branco


Um bacilo oleoso
vagando
inerte em uísque
desce a rasgar faringe

Deambulação claudicante da alma
deteriora por entre trilhos em espera ampulheta arenosa
vagarosa, inerte, arrasta pedaços da sobra

Longe o sorriso apagando-se o dente a ranger em lava
Ódio atemporal recobre vivalma em cinza

Saudade [papel branco]

Sem lembrança alegria do destino amorfo
a sentir profundamente
sinapse incandescente
do que foi o enfim

A luz em velocidade invade a borracha fria
o cheiro agreste dos poréns
a franzir a testa em pensamentos
A cabeça encostada na porta a bascular imensidão
Uma língua que traga a azia do que foi

Saudade [papel branco]

Mas sentir o sorrir das outroras é flor roxa
primavera em leito seco
fogo que aviva o resto
desse cartesiano passar dos dias

Dentina exposta em lava ao reverberar sonares claves
Métrica cardíaca [em] descompasso
Febre do querer novamente

Discorre as cores no papel branco esvazia então o não querer
sentir, saber, sucumbir a saudade de não sentir saudade

Saudade [papel branco]