22 de dezembro de 2016

a mesma

qual é o ponto de ruptura com a própria realidade.
onde deixamos de sentir que a vida vale à pena.
em que momento se decide pelo fim.
e será que realmente se pode decidir pelo fim,
ou até o suicídio seria uma visão romantizada para a morte?
embalado no romantismo de trovas de supostos aventureiros do universo
que pela existência ou sentimentais demais não conseguem mais sentir
e preferem morrer…
mas isso o que é?
marketing existencial?
a morte é a menina de Sandman
ou na verdade ela assombra tanto quanto o sentimento de terror constante?seria possível não sentir mais nada
sendo que os sentimentos são pulsos elétricos
disparados em tecido cerebral que é incessante
e ininterruptamente estimulado?
seria a vontade de morrer algo ilusório?
a compulsão por não mas sentir nada
também não é uma sinapse com grau elevado de reverberação
por entre o tecido cerebral?
assim o deixar sentir
nada mais é que
sentir alguma coisa de mesma natureza que qualquer outra sensação disparada por entre os giros do cíngulo.
nada importa,
é tudo uma questão de ligações binárias fisiológicas,
pois na verdade você não está realmente sentindo nada,
é apenas uma coleção de ligações elétricas
que afetam teu comportamento
e te levam do êxtase à estupidez…
por que a intensidade do sentimento, algo que beira a explosão atômica incessante é tão poderosa quanto o vazia?
talvez porque sejam de mesma natureza neurológica,
afetem os mesmos espaços
com receptores químicos neurológicos diferentes….
assim fosse, sentir demais seria a própria morte.